GOVERNOS BAIANOS NO PERÍODO DOS MILITARES (final)

 

     Segundo governo de Antônio Carlos Magalhães (1979 – 1983) 

     Empossado em 15 de março de 1979, Antônio Carlos Magalhães continuou o que iniciara no primeiro governo e voltou-se para o interior do estado. Procurou garantir energia elétrica para cidades que também foram beneficiadas  com a abertura de estradas rodoviárias. É importante destacar o plano de valorização do oeste baiano, hoje polo agrícola que se amplia e se afirma com a produção de soja.

governador ACM e o presidente gal. João Figueiredo. foto Google

Aqui se impõe pequena digressão sobre o quadro político nacional daquela ocasião para que se entenda o seu desdobramento na Bahia.

O general João Batista Figueiredo assumiu a Presidência da República em 15 de março de 1979 proclamando o “inabalável propósito de fazer deste país uma democracia”. Assim se inaugurava a “abertura”, nova e ambígua etapa para a reconquista da legalidade democrática no Brasil. Enquanto isso, crescia no país o movimento pela anistia dos presos políticos. Sob a presidência do general Perí Bevilaquia, instalou-se no Rio de Janeiro o comitê brasileiro para a anistia. A 27 de junho, o governo do presidente Figueiredo enviou ao Congresso a proposta de anistia “limitada e reciproca”. Apesar de ser incompleta, foi aprovada com o apoio do MDB e sancionada a 28 de agosto. Milhares de exilados voltaram à Pátria e foram recebidos com manifestação festiva.

Na sequência da “abertura”, o presidente Figueiredo remeteu para o Congresso a proposta de reforma partidária, aprovada a 29 de setembro.  Extinguiu o bipartidarismo. O Partido Democrático Social (PDS) sucedeu a ARENA e o PMDB substituiu o MDB. Por iniciativa de antigo líder pessedista, o ex-primeiro ministro na frustrada experiência parlamentarista, Tancredo Neves, formou-se o Partido Popular (PP) em fevereiro de 1980.

Com a lei de anistia, 1979, Brizola volta do exílio. foto Google

Duas correntes disputaram a sigla do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Uma representada pela deputada Ivete Vargas, sobrinha–neta de Getúlio Vargas, e a outra pelo engenheiro, ex-governador do Rio Grande do Sul e ex-deputado federal Leonel Brizola, de volta ao Brasil pela anistia. O PTB ficou com a deputada Ivete Vargas e Leonel Brizola fundou o PDT. Organizado líder metalúrgico Luís Inácio da Silva (Lula), o Partido dos Trabalhadores (PT) realizou o seu primeiro encontro nacional em junho de 1980 em São Paulo, com 314 delegados e a proposta de convocação imediata da Assembleia Nacional Constituinte.

Reorganização da UNE, Bahia, 1979. foto Google.

O governador Antônio Carlos Magalhães filiou-se ao PDS. Com seu apoio, realizou-se no Centro de Convenções da cidade do Salvador o XXXI Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), depois de anos de proibição pelos governos militares.

Em abril de 1981, ocorreu o mais grave incidente deste segundo governo de Antônio Magalhães, a greve de soldados e oficiais da Policia Militar. Reivindicavam equiparação com o Exército. Sustentou-se dois dias, mas foi imobilizada pela ação dos soldados e oficiais da PM que não aderiram e dos fuzileiros navais. Nos confrontos morreu um tenente da PM.

foto google.

Continuando a “abertura”, em outubro de 1981 foram convocadas eleições diretas para governadores estaduais. O governador Antônio Carlos Magalhães levou para a convenção do PDS o nome do advogado, e na época presidente do BANEB, Clériston Andrade, que foi aclamado.

As oposições unidas apoiaram o candidato do PMDB, ex-governador Roberto Santos.

Encontrava-se Clériston Andrade em campanha eleitoral no interior do estado quando foi vitimado por um desastre aéreo a menos de um mês das eleições. Foram dias de grande tensão para o governador e político Antônio Carlos Magalhães. Vários políticos e personalidades baianas se apresentaram para substituir o candidato morto. Entre todos, o governador, Antônio Carlos Magalhães preferiu o ex-secretário de Saneamento do seu governo e deputado federal João Durval Carneiro, que foi eleito governador em 1982.

João Durval Carneiro foi o último governador baiano do período dos governos militares.

 

 

Fonte bibliográfica

Luís Henrique Dias Tavares, em Histórias da Bahia, salvador: editora UNESP, 2006.

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